16 de novembro de 2011

Sem resposta



É tanta coisa junta. Estresse acumulado, tensões, amores mal resolvidos - tem também os indesejados e mesmo assim, guardados -, histórias mal contadas, finais sem seus devidos fins, promessas e lealdades descartadas. Na verdade, o problema é que o amor me enche de perguntas e eu invento de querer as respostas na hora errada. A gente tem (eu tenho) que parar de enfeitar as coisas e começar a ser pelo menos um pouquinho pragmático. Fica difícil não querer um par de pés junto aos seus na cama, num final de tarde, num desses momentos silenciosos de domingo. Ainda mais complicado lembrar-se do dia em que aquele nariz quase morreu no seu pescoço e os dois ficaram daquele jeitinho, quietos, como que para sempre grudados; o nariz dele no pescoço dela. A gente nunca sabe quando e como começa, a gente nunca sabe de nada... mas a gente tem que parar de botar amor onde não tem. Se a blusa é rosa ou vermelha, é tudo questão de ponto de vista. Mas se é amor ou não, é questão de coração.
Vezenquando até penso em como a gente podia ter dado certo. Ou não, vai saber. Penso em como poderíamos ter sido só nós dois. Dias vazios ou cheios, chuvosos ou ensolarados, tristes ou felizes: só nós dois. Mais nada. Penso em como você fazia - e até ainda faz – surgir novas cores pintando o meu rosto, em como você trazia jardins pra perto do meu peito. Fico a imaginar se alguma vez fui capaz de te dar o mesmo que você deu a mim. Um arrepio, pelo menos. Uma música, sei lá. Um sorriso ao lembrar alguma coisa minha, quem sabe. Talvez até uma saudadezinha de nada, só pra alimentar esse amor meu, mesmo que de longe. Fico louca querendo saber de você.
Mas o amor tem dessas coisas, não é? A gente só quer ver o outro feliz. E eu te sinto feliz, meu bem. Mesmo que seja uma daquelas felicidades confusas, de momento, misturadas com tantas outras coisas. Te vejo daqui. Te acomodo no meu coração, bem lá no cantinho, pra nunca te deixar ir.  Te guardo. Já faz tempo que você vive dentro de mim, benzinho. A gente não escolhe, só sente. E diz que sim.
A onda que bate aqui é forte, mas a maré vai diminuindo. Qualquer dia desses o mar fica seco. Me deixo levar: bóio no meu coração, esse oceano que a cada dia vai ficando mais salgado. Cuidado pra você não cair dessa bóia, amor. Vê se te segura bem. Eu venho segurando até bem demais, não é? A gente aprende. Se quiser, te ensino. Mas te cuida, que eu tô indo nesse balançar. Não sei se volto, mas não te quero perdido. Te guarda. Eu te guardo. E vou.


Amar é querer ficar, mas ter que ir embora. É querer te saber; nem que seja só por um simples “tá bem?”. É estar cheio de dúvidas e não ter sequer uma resposta, um esclarecimento que ajudasse a seguir o caminho. É estar constantemente insone, dopado: vive-se sem ser. Amar é adorar pelo avesso, ser tua sem pestanejar, doando e doendo: amor. 

3 de novembro de 2011

Preocupação de ser




 Dias bonitos me fazem querer viver mais. O céu azul, o Capibaribe lindolindolindo - não importa o que façam com ele -, os pássaros parados nos fios do poste... até mesmo o calor infernal de Recife e os carros que quase me atropelaram. Hoje não quis ficar triste ou sentir qualquer outra coisa que não me deixasse ver o dia que eu estava perdendo até antes das dez da manhã. Não importa o quanto o sono esteja me faltando ou o quanto o amor me perturba e não me deixa dormir, saí de bicicleta pelos arredores do bairro em que moro para sentir o pouco vento bater no rosto. Resolvi não mais me preocupar. Só respirar, sabe? Essa coisa de sentir dá um cansaço na gente. 

E gerúndio infinito que sou, continuo sendo o avesso de sempre.